Caros
irmãos e irmãs leitores, iniciamos com este artigo uma série de estudos sobre o
dom precioso da nossa fé. Para isso, meditaremos quinzenalmente sobre um artigo
do Credo que professamos na missa dominical. É proposta do Ano da Fé,
proclamado solenemente pelo Santo Padre, o Papa Bento XVI, “[...] intensificar
a reflexão sobre a fé, para ajudar todos os crentes em Cristo a tornarem mais
conscientes e revigorarem a sua adesão ao Evangelho, sobretudo num momento de
profunda mudança como este que a humanidade está a viver [...]” e que suscite
“[...] em cada crente, o anseio de confessar a fé plenamente e com
renovada convicção, com confiança e esperança” (Porta Fidei 8-9).
O Catecismo da Igreja Católica tem como título de
sua primeira seção justamente o título desse artigo, que tomamos liberdade de
tomar emprestado. Isso porque, quando iniciamos a profissão de nossa fé,
iniciamos dizendo “Eu creio – Nós Cremos”. Agora, o que significa Crer? O
catecismo vai afirmar que a fé é nossa resposta a Deus que se nos revela e se
doa. Em suma, o homem busca a Deus que se revela, se apresenta ao homem. São
Paulo vai dizer que “acredita-se com o coração e, com a boca, faz-se a
profissão de fé” (Rm 10, 10). O coração indica que o primeiro ato, pelo qual se
chega à fé, é dom de Deus e ação da graça que age e transforma a pessoa até ao
mais íntimo dela mesma. O coração é o autêntico sacrário da pessoa humana; se
ele não for aberto pela graça e não assimilar e acolher os conteúdos nos quais
se deve acreditar, não se consegue enxergar em profundidade que aquilo que foi
anunciado é palavra de Deus. Ao mesmo tempo, professar com a boca implica
testemunho e compromisso. Não é um ato privado, ao contrário, possui uma
dimensão pública de crer e anunciar a fé.
Nessa perspectiva, “‘Eu creio’: é a fé da Igreja,
professada pessoalmente por cada crente, principalmente por ocasião do Batismo.
‘Nós cremos’: é a fé da Igreja, confessada [...], de modo mais geral, pela
assembleia litúrgica dos crentes. “Eu creio”: é também a Igreja, nossa Mãe, que
responde a Deus pela sua fé e nos ensina a dizer: ‘Eu creio’, ‘Nós cremos’”
(CIC 167).
Continua...