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quarta-feira, 27 de março de 2013

Creio em Deus Pai, todo-poderoso, criador do céu e da terra


Num mundo imerso em uma profunda crise de valores, de relativismo, de afastamento de Deus, o Credo cristão – que pressupõe, obviamente, a experiência fundante do encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo como revelador de Deus e do homem – apresenta-se com toda a sua capacidade para iluminar este tempo de desorientação.
Toda manifestação de fé que se segue está relacionada a esta verdade que professamos: Cremos no Deus único, Pai, que tudo criou por seu poder e por ninguém foi criado. É Ele o Criador de todo o Universo. A fórmula Niceno-constantinopolitana diz: “Creio em um único Deus criador de todas as coisas visíveis e invisíveis”. Tudo é obra da criação divina. Toda a história da salvação, portanto, está assentada sobre essa verdade. Uma verdade que nos revela três afirmações acerca de Deus e que professamos no primeiro artigo do Credo: ele é Pai, Onipotente e Criador.
Que ele é Pai, nós o sabemos, na sua plenitude última, por Jesus Cristo que se refere sempre a ele, com um amor, uma gratidão e uma adoração constantes. Deus é Pai porque ele é o gerador da vida, que se derrama, uma fonte que jorra sem ter atrás de si uma nascente, se auto-doa.
É Todo-Poderoso – onipotente – porque é o Senhor da história, é O Dom de si por excelência, nada o limita. Contudo, permanece um mistério o modo como Deus recorre à sua onipotência. Fazemos constantemente a pergunta: “Onde estava Deus quando...” e logo nos vêm à mente tantas desgraças que, ao longo da história, aconteceram e ainda acontecem no mundo. Percebamos então que a onipotência de Deus deve ser compreendida à luz da Páscoa de Jesus. A aparente “impotência” da Sexta-Feira da Paixão é o fato inicial para a manifestação da onipotência de Deus na Ressurreição.
Por fim, cremos num Deus criador, porque seu amor é tão perfeito que Ele cria um mundo livremente e sem constrangimento, cujo coração e sentido é seu Filho. Assim, a Criação é um chamamento à liberdade e a exercer nossa vocação de cooperadores da criação. O mundo e toda a Criação refletem a beleza de Deus, mas não são Deus, são, ao contrário, manifestação da glória de Deus.
Continua...

Esta é a nossa Fé


Como dissemos anteriormente no último artigo, a fé é um dom que nós recebemos da Igreja, que a professa e a transmite. Ao mesmo tempo, é um ato livre que testemunhamos com gratidão, pronunciando-a com consciência e empenho na assembleia que celebra a Eucaristia dominical. Ela é resposta à revelação de Deus e por isso é sempre dom. Ela nasce do espanto diante de Deus que se revela e se entrega. É a nossa resposta mais adequada. Por isso a fé é intimamente ligada ao amor, pois só se acredita em Deus precisamente porque se ama. E ama-se porque descobrimos sermos amados por ele. E aquele que vive o mandamento do amor na comunidade, crê como comunidade e na comunidade cristã que nos transmitiu a fé. Ao mesmo tempo se crê individualmente, sem possibilidade de se delegar, na medida em que a fé é uma escolha livre e voluntária. E fazemos isso por meio do Símbolo, a oração de nossa fé: o Credo.
A fórmula do Credo é a expressão fundamental da fé em que acreditamos, mas pressupõe, por sua vez, a fé com a qual acreditamos. São frases, fórmulas que têm a função de imagens, símbolos verbais e audíveis que remetem para Deus uno e trino, invisível, mas próximo.
Essa fé nós a expressamos não só professando-a, mas também celebrando-a nos sacramentos, uma vez que sem eles nossa profissão de fé não seria eficaz, pois faltaria a graça que sustenta o testemunho dos cristãos; vivendo-a em nossa comunidade paroquial, por meio do amor de Cristo que enche nossos corações e também rezando-a, pois devemos lembrar de Deus e de suas maravilhas, da mesma forma como nos lembramos de respirar. E o Credo nos proporciona isso.
Esta oração, o Credo, é o nosso selo espiritual, o Símbolo, aquilo que nos une, é a meditação do nosso coração e a sentinela sempre presente: é, sem dúvida, o tesouro de nossa alma e a porta de entrada para a intimidade com Deus que Se nos revela e que a Igreja nos transmite, não por opiniões humanas, mas pela revelação do próprio Deus nas Sagradas Escrituras.

Continua...