“A morte foi tragada pela
vitória; onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu
aguilhão?” (1Cor 15,54b-55)
Caríssimos leitores e leitoras: “O
Senhor ressuscitou verdadeiramente, Aleluia!”. Este é o canto que nesta data se
eleva de todas as bocas em que o sentido da Páscoa não se perdeu. Páscoa é
passagem; passagem e ressurreição. O Senhor prometeu ao povo emigrado, que
sofria, a duras penas, a escravidão – como promete também a nós, emigrados da
verdadeira pátria, no exílio desta terra, e sofrendo sob o peso das mil e uma
escravidões que não fazem esquecer a nossa verdadeira pátria – prometeu que
passaria e que seria um sinal de salvação.
E, na plenitude dos tempos, o Senhor
veio, assumiu por nós a figura de nossa miséria, o que era promessa se tornou
realidade, o que era passagem se ternou conversão, e o que era libertação do
jugo estranho se tornou salvação definitiva e vida eterna. Por isso é a Páscoa,
realmente, a chave do cristianismo. E está intimamente ligada ao Natal. Ora, se
nesta solenidade devemos nos alegrar de Deus ter nascido como homem na mais
humilde das condições humanas é porque um dia ressuscitará da morte para que o
homem possa ser elevado à visão divina, pois a humanidade de Cristo só tem
sentido em razão da sua divindade. O Natal só tem sentido pela Páscoa.
Desta forma, enquanto no Natal Deus se
fez homem para partilhar dos sofrimentos da humanidade e ensinar aos homens o
sentido da vida terrena, na Páscoa o Filho do Homem revela sua divindade, volta
ao seio do Pai para mostrar aos homens o caminho da verdadeira vida.
Apesar de todos os anos celebrarmos tão
grande solenidade, nós ainda nos apoiamos e confiamos nas forças visíveis, nas
vitórias deste mundo, em tudo que nos pareça uma garantia de um poder visível.
Esquecemos, entretanto que Jesus se cansara de anunciar aos seus íntimos que o
preço da vitória é a derrota, a garantia da vida é a morte, a chave da alegria
o sofrimento. E este é o sentido desta Páscoa de 2015: num mundo que anda
armado, e “armado até os dentes” devido a uma desconfiança perene do vizinho, é
preciso compreender que não são tais armas que salvarão o mundo e sim a força
moral e espiritual da regeneração pelo espírito. É preciso que o homem deixe
seus vícios, não volte ao pecado, pois a volta ao pecado é muito mais perigosa
que o próprio pecado.
Este é o espírito pascal que já
começamos a viver no Natal. O Natal se interpreta pela Páscoa. Por isso
precisamos celebrar cada festa cristãmente. E o sinal disso é que tudo ter um
sentido perene, duradouro, em função de uma vida maior, sem deixar o pretexto
do comércio engolir nossa fé.
Caríssimos leitores e leitoras: “Cristo
ressuscitou verdadeiramente, Aleluia!”. Não por símbolo, por imaginação ou por
desejo dos discípulos. Ressuscitou verdadeiramente. Vivamos, portanto, em
espírito de verdade, procurando em tudo a verdade, fugindo do erro e da
mentira, pois só assim seremos fiéis ao Natal e à Páscoa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário