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terça-feira, 31 de março de 2015

PÁSCOA 2015

“A morte foi tragada pela vitória; onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?” (1Cor 15,54b-55)

         Caríssimos leitores e leitoras: “O Senhor ressuscitou verdadeiramente, Aleluia!”. Este é o canto que nesta data se eleva de todas as bocas em que o sentido da Páscoa não se perdeu. Páscoa é passagem; passagem e ressurreição. O Senhor prometeu ao povo emigrado, que sofria, a duras penas, a escravidão – como promete também a nós, emigrados da verdadeira pátria, no exílio desta terra, e sofrendo sob o peso das mil e uma escravidões que não fazem esquecer a nossa verdadeira pátria – prometeu que passaria e que seria um sinal de salvação.

         E, na plenitude dos tempos, o Senhor veio, assumiu por nós a figura de nossa miséria, o que era promessa se tornou realidade, o que era passagem se ternou conversão, e o que era libertação do jugo estranho se tornou salvação definitiva e vida eterna. Por isso é a Páscoa, realmente, a chave do cristianismo. E está intimamente ligada ao Natal. Ora, se nesta solenidade devemos nos alegrar de Deus ter nascido como homem na mais humilde das condições humanas é porque um dia ressuscitará da morte para que o homem possa ser elevado à visão divina, pois a humanidade de Cristo só tem sentido em razão da sua divindade. O Natal só tem sentido pela Páscoa.

         Desta forma, enquanto no Natal Deus se fez homem para partilhar dos sofrimentos da humanidade e ensinar aos homens o sentido da vida terrena, na Páscoa o Filho do Homem revela sua divindade, volta ao seio do Pai para mostrar aos homens o caminho da verdadeira vida.

         Apesar de todos os anos celebrarmos tão grande solenidade, nós ainda nos apoiamos e confiamos nas forças visíveis, nas vitórias deste mundo, em tudo que nos pareça uma garantia de um poder visível. Esquecemos, entretanto que Jesus se cansara de anunciar aos seus íntimos que o preço da vitória é a derrota, a garantia da vida é a morte, a chave da alegria o sofrimento. E este é o sentido desta Páscoa de 2015: num mundo que anda armado, e “armado até os dentes” devido a uma desconfiança perene do vizinho, é preciso compreender que não são tais armas que salvarão o mundo e sim a força moral e espiritual da regeneração pelo espírito. É preciso que o homem deixe seus vícios, não volte ao pecado, pois a volta ao pecado é muito mais perigosa que o próprio pecado.

         Este é o espírito pascal que já começamos a viver no Natal. O Natal se interpreta pela Páscoa. Por isso precisamos celebrar cada festa cristãmente. E o sinal disso é que tudo ter um sentido perene, duradouro, em função de uma vida maior, sem deixar o pretexto do comércio engolir nossa fé.


         Caríssimos leitores e leitoras: “Cristo ressuscitou verdadeiramente, Aleluia!”. Não por símbolo, por imaginação ou por desejo dos discípulos. Ressuscitou verdadeiramente. Vivamos, portanto, em espírito de verdade, procurando em tudo a verdade, fugindo do erro e da mentira, pois só assim seremos fiéis ao Natal e à Páscoa.

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